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Mostrando postagens de 2016

"A Pirâmide Invertida", de Jonathan Wilson

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Com tradução de André Kfouri e lançamento pela Editora Grande Área, chegou recentemente às livrarias a versão brasileira de "A Pirâmide Invertida", do jornalista inglês Jonathan Wilson. Publicado originalmente em 2008, o livro se encarrega da árdua e nobre missão de contar a história das táticas, desde os primórdios do futebol no Reino Unido, ainda no século XIX, até a modernidade de Pep Guardiola e cia. Essa tarefa grandiloquente e arriscada de percorrer quase um século e meio de uma história composta por dezenas de países e centenas de personagens é muito bem sucedida pelo embasamento e capacidade de Wilson de encadear os fatos e conduzir o leitor pela evolução do esporte mais popular do mundo. Partindo da "pirâmide", ou 2-3-5 - o primeiro sistema organizado do futebol -, trilha-se um caminho em que diversos fatores, incluindo cultura e política, tiveram influência para que os esquemas se tornassem mais conservadores, com apogeu no 5-3-2, que representa a ...

As dificuldades do Borussia Dortmund de Thomas Tuchel

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Foto: Facebook Borussia Dortmund Ao mesmo tempo em que busca inovações para tornar sua equipe mais agressiva e controladora , Thomas Tuchel tem encontrado muitas dificuldades na condução do Borussia Dortmund. Apesar do 1º lugar do grupo na Champions League, desbancando o poderoso Real Madrid, os aurinegros ainda não acertaram o passo na Bundesliga. Nessa terça, com o empate em casa contra o Augsburg, a equipe chegou a três jogos sem vitória no Campeonato Alemão, o que contribuiu para aumentar ainda mais a distância do BVB para os líderes Bayern e Leipzig. As razões para a instabilidade Borussen  são várias, a começar pela perda de Mats Hummels e Ilkay Gündogan na janela de transferências do meio do ano. Remanescentes do vice-campeonato europeu de 2012/2013, o zagueiro e o meio-campista eram figuras centrais do Borussia. Suas reposições, na teoria Marc Bartra e Sebastian Rode, não têm entregado o mesmo que seus antecessores, dificultando o trabalho do Dortmund em todas as...

Baixíssima intensidade e padronização de comportamentos

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Foto: Jefferson Botega/Agência RBS Atlético-MG e Grêmio chegaram à final da Copa do Brasil por motivos diferentes. Enquanto os mineiros dependem muito de suas excelentes individualidades, que decidem jogos e mascaram a fragilidade coletiva da equipe de Marcelo Oliveira, os gaúchos possuem um padrão consolidado, legado do trabalho de Roger Machado, que Renato Portaluppi soube, com muitos méritos, aproveitar. Esses fatores ficaram evidentes no primeiro confronto da decisão, em que o tricolor gaúcho teve amplo domínio e, com autoridade, construiu os 3 a 1 que o deixam muito próximo da quebra do jejum de 15 anos sem títulos de grande expressão. Com setores distantes e baixíssima intensidade na marcação, o Atlético foi refém do jogo de posição do Grêmio no primeiro tempo. A saída de bola de bola dos comandados de Marcelo Oliveira era ineficiente devido ao distanciamento entre o quarteto ofensivo e o restante da equipe: não existia aproximação e movimentação para quebrar as linhas d...

Vertical, mas pouco controlador

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O Real Madrid de Zinedine Zidane, que em janeiro completará um ano no comando técnico dos merengues, nunca teve uma identidade futebolística bem definida. Na verdade, foi por meio da adaptabilidade e da qualidade individual de seus atletas que "Zizou "  conduziu o Real à conquista da undécima , em acirrada final contra o rival Atlético de Madrid. A primeira metade da temporada 2016/2017, da mesma forma, tem apresentado uma equipe que, embora invicta em todas competições que disputa, carece de um sistema de jogo mais complexo, que o permita sofrer menos durante as partidas. O último jogo dos merengues - contra o Sporting, em Lisboa, pela Champions League - deixou isso claro. Na primeira etapa, o Real apresentou imensas dificuldade na construção, especialmente quando os portugueses avançavam suas linhas de marcação. Dessa forma, a equipe de Zidane se valeu quase que exclusivamente da movimentação em profundidade de Bale para rondar com perigo a área de Rui Patrício. Quand...

Um turbilhão de incompetências

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Foto: André Ávila/Agência RBS Em 2016, nenhuma equipe do futebol brasileiro teve planejamento tão falho quanto o Internacional. Clube com a maior legião de sócios e uma das maiores receitas do país, o colorado se arrastou durante todo o 2º semestre contra o rebaixamento à Série B, que agora bate com força na porta do Beira-Rio. Esse contexto, naturalmente, não surgiu do acaso: é, em especial, resultado da péssima gestão de futebol do presidente Vitório Piffero e de seus subalternos. O início de temporada com Argel Fucks, ainda que respaldado nos bons números do atual técnico do Vitória no final de 2015, já foi precipitado. Argel faz o estilo do treinador sanguíneo, que prioriza a transpiração à inspiração. Embora os resultados do primeiro semestre tenham sido satisfatórios - título do Campeonato Gaúcho e temporária liderança do Brasileiro -, o futebol cobra mais à longo prazo. Nesse sentido, o treinador apresenta muito pouco em questão de modelo de jogo. Em 38 rodadas, é natura...

Renato Augusto, a solução dos problemas para Tite

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Foto: Lucas Figueiredo/CBF Dotado de uma leitura de jogo acima da média, Renato Augusto é o futebolista brasileiro cujas características mais se aproximam do meio-campista moderno. Versátil e inteligente, ele executa bem diversas funções dentro do jogo, e suas participações, além de potencializar o desempenho de seus companheiros, tem sido chave para que a Seleção Brasileira de Tite, que chegou à sexta vitória em seis jogos diante do Peru, solucione os problemas que vêm à tona durante as partidas. Assim como no confronto contra a Argentina , o escrete canarinho sofreu muito nos primeiros minutos da partida diante dos peruanos. Empolgado pela vitória por 4 a 1 sobre o Paraguai e incendiado pelo eufórico torcedor em Lima, a equipe de Ricardo Gareca iniciou o jogo com muita intensidade, marcando pressão e dificultando a transição brasileira, que novamente apresentou alguns problemas na saída de bola. A solução buscada por Tite, tal qual no clássico em Belo Horizonte, passou pelo rep...

Maturidade, inteligência e talento

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Foto: Lucas Figueiredo/CBF Brasil e Argentina chegaram em momentos díspares para o aguardado clássico dessa quinta, no Mineirão. Entretanto, os diversos fatores que envolviam o confronto - desde o próprio palco da disputa até a qualidade individual dos argentinos liderados por Messi - tornaram grande o desafio para a incipiente, embora muito bem estruturada, seleção de Tite. Dessa forma, a maturidade e inteligência do escrete canarinho para, como o próprio treinador citou, "saber sofrer" e se adaptar ao contexto que a partida apresentou foi primordial para a excelente vitória brasileira. O início do jogo apresentou um cenário desconfortável para a seleção brasileira. Com o já amarelado Fernandinho tendo dificuldades em limitar as ações de Messi e a Argentina lateralizando bastante - especialmente no lado direito, onde obtinha superioridade numérica -, o reajuste só veio após Alisson fazer grande defesa em chute de Biglia. Exitosamente, Tite alterou os posicionamentos de...

A adaptabilidade de Pep

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No mundo do futebol, poucos treinadores tem ideias tão claras do que pretendem que suas equipes façam quanto Pep Guardiola . Sua obsessão pela posse de bola, a partir da qual exerce o jogo de posição - seu principal conceito - é marcante. Entretanto, nessa terça, diante do Barcelona, o cenário desfavorável fez Pep (que por vezes é taxado de ególatra) abrir mão de suas quase que inalienáveis convicções para conduzir o Manchester City a uma grande vitória. Duas semanas após os 4 a 0 sofridos na Catalunha , os Citizens novamente apostaram na marcação alta como forma de conter a enorme qualidade blaugrana e buscar ter a posse de bola. Contudo, a eficiência da saída do Barça regeu a maior parte do 1º tempo. A partir do excelente jogo com os pés de Ter Stegen, a equipe de Luis Enrique teve muita retenção e conseguiu controlar um City incomodado em ter de correr atrás da bola por muito tempo. Não foi surpreendente, portanto, quando Messi e Neymar construíram o contra-ataque letal que ter...

Um Liverpool de muita intensidade

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Foto: globoesporte.com A partir de seu excelente trabalho no Borussia Dortmund, onde conquistou duas Bundesligas consecutivas, além de complicar diversas vezes a vida de gigantes como Bayern de Munique e Real Madrid, Jürgen Klopp galgou seu lugar entre os principais treinadores do mundo. Com um repertório de conceitos que servem de base para o futebol praticado atualmente, a expectativa em cima do trabalho do técnico alemão no Liverpool, com quem acertou em outubro de 2015, era alta. E, se já nos seus primeiros meses de trabalho Klopp levou os Reds  às finais da Copa da Liga Inglesa e da Liga Europa, a perspectiva para a temporada 2016-2017 é das melhores possíveis. De fato, o que o Liverpool de Klopp entrega até aqui é promissor. Com uma pré-temporada bem feita e, por consequência, atletas melhor adaptados às ideias do ex-técnico do Borussia, o resultado é uma equipe de muita intensidade, que sufoca o adversário na maior parte do tempo e cria espaços com bastante eficiência....

Barcelona 4 x 0 Manchester City - Marcação alta e o impacto de falhas individuais

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Foto: Reprodução/Twitter Oficial do Barcelona O início de trabalho no Manchester City tem proporcionado, já nos primeiros meses, duelos especiais para Pep Guardiola. Após o eletrizante confronto contra o velho conhecido José Mourinho , ontem foi a vez de Pep reencontrar o Barcelona, onde o técnico espanhol não só ganhou todos os títulos possíveis como contribuiu para mudar a forma de o futebol ser pensado. E, naquele que era um dos jogos mais aguardados da primeira metade da temporada 2016/2017, os acontecimentos provaram, mais uma vez, que em jogos de alto nível as falhas individuais fazem enorme diferença. Os primeiros 17 minutos de partida proporcionaram uma verdadeira aula de marcação alta. Tanto Luis Enrique quanto Guardiola apostaram na pressão intensa na saída de bola adversária, gerando grandes dificuldades ao rival. Quem sofreu mais foi o Barcelona, que, mesmo jogando pelo chão e utilizando o auxílio do goleiro Ter Stegen, não conseguiu fazer a bola sair com qualidade da...

Cada vez mais padronizado e consistente

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Seleção Brasileira e altas expectativas sempre andarão lado a lado. Portanto, após as vitórias diante de Equador e Colômbia, Tite sabia que a euforia e a pressão por um bom jogo diante da Bolívia seriam inevitáveis. E foi justamente essa noção do treinador, sem se submeter à ela, a chave para que o Brasil não somente superasse os bolivianos com autoridade como apresentasse um futebol extremamente consistente e padronizado. Se por um lado é importante constatar a fragilidade da Bolívia, cuja marcação individual gerou generosos espaços para uma equipe veloz como a brasileira, por outro é necessário lembrar dos eminentes desfalques que o Brasil teve para essa partida - Casemiro e Marcelo em especial. A excelente atuação canarinha serviu tanto para mostrar que Tite tem um grande leque de bons jogadores à disposição quanto para comprovar que a Seleção já está, mesmo em um estágio inicial de trabalho do treinador, com um padrão bem definido: os atletas que entraram na equipe se senti...

"Gegenpressing" - Um dos principais conceitos do futebol moderno

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Créditos: Sky Sports O futebol pode ser dividido em quatro fases: ofensiva, defensiva, transição ofensiva e transição defensiva. Esse entendimento elementar é importante para entender o "gegenpressing", um dos conceitos mais inovadores dos últimos tempos, e fundamental para quem deseja propor o jogo no futebol moderno. As quatro fases do futebol (em sentido horário): posse de bola (ofensiva), transição defensiva, posse de bola adversária (defensiva) e transição ofensiva. Créditos: Rene Maric - The Tactical Room "Gegen", em alemão, significa "contra". Portanto, "gegenpressing" seria, em português, algo como "contrapressão". Assim sendo, o conceito consiste em, logo após perder a bola, pressionar o adversário exaustivamente para recuperá-la ainda no campo de ataque. É uma forma de não somente impedir o contra-ataque, mas também pegar o oponente desorganizado, à medida que vários jogadores deste estão em fase de transição ofensiv...

Onde está o "camisa 10"?

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No futebol atual, um dos grande males da opinião pública é continuar se baseando em teses ultrapassadas para tentar entender ou explicar o jogo. Talvez a principal - e mais preocupante - delas seja em relação ao “camisa 10”, aquele que, teoricamente, é o armador da equipe, o cara que pensa o jogo, o jogador que “pifa” o companheiro, etc. Primeiramente, é preciso entender que o futebol passou por grandes transformações nos últimos anos. Novos métodos de treinamento, marcação por zona, linhas próximas, tudo isso alterou a forma do jogo ser pensado e, por consequência, fez com a que a distribuição e as funções dos jogadores em campo mudassem. No futebol moderno não existem mais posições fixas. Os 11 jogadores fazem parte de um organismo vivo, que trabalha em conjunto tanto no momento de defender quanto no de atacar. Isso faz com que o atacante marque, o volante chegue na área para finalizar e o zagueiro construa a jogada, pouco importando o rótulo posicional que lhe é atribuído...

United 1 x 2 City - Ação e reação

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José Mourinho e Pep Guardiola são os grandes técnicos do século XXI. Inovadores a seus próprios modos, os dois revolucionaram o futebol ao incorporar novos métodos de treinamento e novas maneiras de pensar o jogo. Como se não fosse o bastante, ambos nutriram uma grande rivalidade, oriunda dos tempos de Real Madrid e Barcelona. Isso tudo, naturalmente, fez com que o reencontro dos dois, agora no derby de Manchester, fosse o grande acontecimento deste início da temporada 2016/2017 do futebol europeu. E, é claro, o primeiro encontro entre o United de Mourinho e o City de Guardiola não decepcionou. Com dois modelos de jogo bem definidos, o confronto passou muito pela adaptabilidade das duas equipes às situações que se apresentaram em Old Trafford. Se Mourinho falou antes do jogo que gostaria que os laterais do City jogassem por dentro, Guardiola utilizou Sagna e Kolarov de maneira mais usual, dando amplitude e os fazendo trabalhar junto aos pontas. No intervalo, após um completo do...

Um resgate baseado no merecimento

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Foto: AFP Merecimento. Em quase toda coletiva de imprensa que concede, Tite bate nessa tecla. “Merecer vencer” é uma espécie de mantra para o treinador, e sua trajetória demonstra isso. Desde seu início humilde no Rio Grande do Sul, ele entendeu que o trabalho incansável seria o único meio que lhe daria condições de não apenas chegar aonde queria, mas merecer chegar aonde queria. Com dois anos de atraso, a CBF finalmente colocou o melhor treinador do futebol brasileiro no lugar em que ele merece estar. A consequência da decisão tardia foi um pepino daqueles para Tite: 6º lugar nas Eliminatórias e duas pedreiras logo no início de trabalho. Contudo, quando há dedicação, estudo e humildade, o merecimento faz com que tarefas difíceis sejam plenamente realizadas. Como há muito não víamos, o Brasil foi, em Quito e em Manaus, extremamente organizado e competitivo. Tite conseguiu inserir um padrão de jogo na seleção, e o pouco tempo de trabalho leva a crer que ainda haverá grande cresci...

Alemanha e sua aula de propor o jogo

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Foto: globoesporte.com Recentemente escrevi aqui no blog sobre o livro "Gol da Alemanha" , que debate a transformação pela qual o futebol alemão passou até a conquista da Copa de 2014. Um trabalho a longo prazo, que primou pela formação de atletas com boa capacidade técnica e tática, em contraponto à tradição germânica de um jogo mais direto e físico. E, não bastasse os 7 a 1 e o tetracampeonato no Brasil, ao que tudo indica nosso algozes do Mineirão ainda colherão muitos frutos desse excelente trabalho que iniciou há mais de uma década. Após uma Eurocopa consistente, que só não terminou em mais um título pela efetividade da França de Griezmann na semi-final, a equipe de Joachim Löw estreou hoje nas Eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia. Repetindo o modelo de jogo praticado na Euro de dois meses atrás, a Alemanha venceu a Noruega com autoridade: 3 a 0, na casa do adversário. Contudo, mais do que o placar, foi a organização e o controle do jogo por parte dos alem...

Guardiola, um revolucionário

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Em qualquer área da vida, sempre existem referências que precisamos conhecer ao menos superficialmente para entender determinado tema. É assim com Einstein na física quântica, Jobs e Gates na computação e Da Vinci nas artes. É assim com Guardiola no futebol moderno. Pode até soar exagerado, mas Pep é, de fato, um revolucionário. Em um futebol cada vez mais físico e de pouco espaço, ele teve a audácia de inovar, baseado em conceitos que, naturalmente, têm influências, mas que são, em grande parte, de sua autoria. Não bastasse o sucesso nos clubes em que passou - Barcelona, Bayern e agora Manchester City - a influência de Guardiola foi sentida no futebol mundial como um todo, tendo suas ideias repercutido no desfecho das Copas de 2010 e 2014 - afinal, a Espanha de Del Bosque e a Alemanha de Löw tiveram muito dos conceitos que Pep trabalhou exaustivamente no Barcelona e no Bayern. Mas o que Guardiola faz que o diferencia tanto dos demais treinadores? É fato que ele tem uma capac...

Um ouro de várias facetas

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Quando Neymar deslocou o goleiro Horn, sacramentando a conquista da inédita medalha de ouro olímpica, o Brasil vibrou em êxtase. Quis o destino que a grande estrela dessa geração tão criticada definisse a acirrada disputa de pênaltis da final contra a Alemanha, que também teve Weverton como grande personagem. Mas reduzir os méritos a apenas essas duas figuras seria tão absurdo quanto tentar diminuir o tamanho da conquista brasileira, alegando que o ouro "não era mais do que obrigação". O futebol passou por grandes transformações nos últimos anos. Agora os espaços são escassos, e muitas vezes a qualidade técnica não consegue se sobressair justamente por causa disso. Qualquer equipe que jogue bem organizada, com linhas próximas, consegue dificultar o trabalho do adversário, não importando o quão superior tecnicamente este seja. Foi o que aconteceu nos empates do Brasil contra África do Sul e Iraque, que resultaram em críticas vorazes - e em grande parte infundadas - à sel...

Brasil 4 x 0 Dinamarca - Confiança, profundidade e aplicação

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Crédito: Reuters Após os decepcionantes empates diante de África do Sul e Iraque, a Seleção Olímpica tinha a obrigação de vencer a Dinamarca, nessa quarta, em Salvador, para seguir sonhando com a medalha de ouro. Como se não bastasse a vitória, os comandados de Rogério Micale fizeram mais. Em grande exibição individual e coletiva, golearam os dinamarqueses - até então invictos no ano - por inapeláveis 4 a 0 e apresentaram um futebol de intensidade que há muito não se via na Seleção Brasileira. Contudo, considerando que até a partida de ontem esta mesma seleção era alvo de críticas vorazes de grande parte da população e da imprensa, a questão que fica é: que motivos levaram o escrete canarinho a transformar seu desempenho da água para o vinho em tão pouco tempo? A resposta da maioria dos brasileiros à essa questão provavelmente seria que ontem o Brasil jogou com vontade, o Neymar não foi fominha, etc. Mas será que foi só isso? Em um país que tem a tradição de simplificar todas as ...

"Gol da Alemanha", por Axel Torres e André Schön

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Sob recomendação do Leonardo Miranda, excelente analista tático do Globo Esporte (http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/painel-tatico/1.html), terminei de ler recentemente o livro que, no Brasil, ganhou o emblemático título de "Gol da Alemanha". Lançado pela editora Grande Área, a obra foi escrita pelo jornalista espanhol Axel Torres em parceria com seu professor de alemão, André Schön. A partir de suas aulas em um café de Barcelona, os dois passaram, durante um ano e meio, a dissecar o processo evolutivo pelo qual o futebol alemão passou a partir de 2006, traçando um paralelo com o jogo pragmático desenvolvido por Franz Beckenbauer, Gerd Müller e companhia nos anos 70. É muito interessante observar como todo o processo está interligado e como vários treinadores, de Jürgen Klinsmann a Pep Guardiola, ajudaram a construir a seleção que assombrou o mundo naquela semi-final do Mineirão em 2014 e conquistou o tetracampeonato mundial no Brasil. Klinsmann, grande ...