United 1 x 2 City - Ação e reação


José Mourinho e Pep Guardiola são os grandes técnicos do século XXI. Inovadores a seus próprios modos, os dois revolucionaram o futebol ao incorporar novos métodos de treinamento e novas maneiras de pensar o jogo. Como se não fosse o bastante, ambos nutriram uma grande rivalidade, oriunda dos tempos de Real Madrid e Barcelona. Isso tudo, naturalmente, fez com que o reencontro dos dois, agora no derby de Manchester, fosse o grande acontecimento deste início da temporada 2016/2017 do futebol europeu.

E, é claro, o primeiro encontro entre o United de Mourinho e o City de Guardiola não decepcionou. Com dois modelos de jogo bem definidos, o confronto passou muito pela adaptabilidade das duas equipes às situações que se apresentaram em Old Trafford.

Se Mourinho falou antes do jogo que gostaria que os laterais do City jogassem por dentro, Guardiola utilizou Sagna e Kolarov de maneira mais usual, dando amplitude e os fazendo trabalhar junto aos pontas. No intervalo, após um completo domínio do City na primeira etapa, Mourinho colocou Herrera na primeira função do meio-campo e espelhou o 4-1-4-1 de Pep, equilibrando a partida. Prova de que os dois se conhecem bem e, apesar das supostas intrigas, se respeitam bastante.

A supremacia da equipe de Guardiola nos 45 minutos iniciais se deveu principalmente à pressão intensa após a perda da bola, um conceito a que o técnico espanhol dá muita ênfase. Com o controle da redonda, o City praticou com excelência as outras duas principais ideias de Pep: saída de bola com três jogadores e o tradicional "jogo de posição". Isso tudo acrescido de muita verticalidade, resultado das infiltrações de De Bruyne e da incisividade dos pontas, que permite ao técnico aderir, vez ou outra, a um jogo mais direto (vide o primeiro gol).

Já o United teve muita dificuldade para sair da pressão exercida pelo City no primeiro tempo. Com pouca retenção de bola e participação apagada de suas principais estrelas, nem as duas linhas bem compactas de Moutinho foram capazes de segurar o jogo de posição de Guardiola. Entretanto, à medida que o futebol é composto por diversos fatores, a gritante falha de Bravo recolocou os Diabos Vermelhos no jogo, e permitiu que Mourinho reajustasse sua equipe para o eletrizante segundo tempo.
O jogo de posição de Guardiola contra as linhas compactas de Mourinho: supremacia da equipe de Pep no primeiro tempo. Imagem: Painel Tático - Globoesporte.com
Com Rashford muito incisivo pela esquerda e Herrera dando equilíbrio ao meio-campo, o United cresceu na partida. Pep, de uma percepção aguçada como poucos, logo buscou o antídoto: colocou Fernando na volância, para combater o jogo físico do United, e Sané na ponta direita, com o objetivo de puxar os contra-ataques. Além disso, De Bruyne passou a fazer o comando de ataque, de modo a aproveitar o seu excelente "facão" para tentar matar o jogo, o que quase aconteceu após bela enfiada de Sané.

Nesse confronto recheado de estrelas, Mourinho e Guardiola deram um show à parte. Após as imensas críticas em relação ao ego inflado de ambos (resultado das barrações a Schweinsteiger e Hart), os dois estiveram dispostos, nesse sábado, a abrir mão de seus estilos para conseguir a vitória - o espanhol, por exemplo, terminou o jogo com uma linha defensiva de 5 jogadores. Mais do que isso, a reação precisa a cada ação do oponente foi a prova concreta de que Mourinho e Guardiola são os dois melhores treinadores dos últimos tempos.

Comentários

  1. Sempre digo que a qualidade de um Técnico se mostra mais no 2º tempo, com sua capacidade de interpretar o que se passa e aplicar o antídoto.

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