"Gegenpressing" - Um dos principais conceitos do futebol moderno

Créditos: Sky Sports
O futebol pode ser dividido em quatro fases: ofensiva, defensiva, transição ofensiva e transição defensiva. Esse entendimento elementar é importante para entender o "gegenpressing", um dos conceitos mais inovadores dos últimos tempos, e fundamental para quem deseja propor o jogo no futebol moderno.

As quatro fases do futebol (em sentido horário): posse de bola (ofensiva), transição defensiva, posse de bola adversária (defensiva) e transição ofensiva. Créditos: Rene Maric - The Tactical Room
"Gegen", em alemão, significa "contra". Portanto, "gegenpressing" seria, em português, algo como "contrapressão". Assim sendo, o conceito consiste em, logo após perder a bola, pressionar o adversário exaustivamente para recuperá-la ainda no campo de ataque. É uma forma de não somente impedir o contra-ataque, mas também pegar o oponente desorganizado, à medida que vários jogadores deste estão em fase de transição ofensiva.

Na teoria é algo bem simples. Contudo, exige grande preparo físico dos atletas e movimentação extremamente coordenada - se a pressão não for conjunta, formar-se-ão grandes buracos no campo, o que concede ao adversário espaço para o contra-golpe.

Em ótimo artigo para o site The Tactical Room, o analista alemão Rene Maric comenta que o "gegenpressing" já estava presente no Milan de Arrigo Sachi, na década 80. Entretanto, o conceito adquiriu nova dimensão recentemente, com o trabalho de Pep Guardiola e, especialmente, Jürgen Klopp. Se com Sacchi a pressão após a perda da posse ocorria eventualmente e de modo mais individual do que coletivo, agora o "gegenpressing" é constante, intenso e conjunto.

O perde/pressiona é a principal virtude dos trabalhos de Klopp. No Borussia Dortmund, a intensidade da execução condicionava a equipe a atacar sempre com incisividade e, por consequência, conseguir resultados expressivos: entre 2011 e 2013, os auri-negros conquistaram dois títulos da Bundesliga, um da Copa da Alemanha e um vice-campeonato da Champions League. Agora, no Liverpool, o técnico alemão utiliza o mesmo conceito à exaustão, e os frutos já começam a aparecer: no seu primeiro ano treinando os Reds, Klopp levou o clube às finais da Copa da Liga Inglesa e da Liga Europa, além de surgir como um forte candidato a títulos na temporada 2016-17.

"Gegenpressing" em plena execução no Liverpool de 2016-17: principal virtude dos trabalhos de Jürgen Kloop. Créditos: Blog Painel Tático - globoesporte.com
Outro grande adepto do "gegenpressing" é Pep Guardiola, que desde os tempos de Barcelona o tem como uma das principais ideias de seu repertório tático. Faz sentido: para exercer o "jogo de posição" e controlar o jogo por meio da posse da bola, as equipes de Pep precisam recuperá-la o mais rápido possível. E o fato de os atletas estarem sempre bem posicionados e próximos uns aos outros na fase ofensiva permite que a pressão após a perda seja realizada com mais eficência.

O sucesso de Klopp e Guardiola fez com que o "gegenpressing" ganhasse a adesão de vários outros treinadores, principalmente daqueles que pretendem propor o jogo. Tite, por exemplo, trabalha com afinco o conceito, que teve grande influência no domínio da seleção brasileira no 1º tempo contra a Colômbia.

Brasil pressiona James após perder a posse de bola
Em um jogo com cada vez menos espaços, onde furar a defesa adversária pode se mostrar uma tarefa muito complicada no "11 contra 11", a pressão após a perda da bola surge como uma excelente alternativa. É o ataque sem a redonda, que permite à equipe estar perto do gol sem precisar construir a jogada desde seu próprio campo. Se bem executado, o "gegenpressing" rende muitos frutos - a qualquer time.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"A Pirâmide Invertida", de Jonathan Wilson

Análise: Cruzeiro 1(3) x (2)0 Grêmio