Um Liverpool de muita intensidade

Foto: globoesporte.com
A partir de seu excelente trabalho no Borussia Dortmund, onde conquistou duas Bundesligas consecutivas, além de complicar diversas vezes a vida de gigantes como Bayern de Munique e Real Madrid, Jürgen Klopp galgou seu lugar entre os principais treinadores do mundo. Com um repertório de conceitos que servem de base para o futebol praticado atualmente, a expectativa em cima do trabalho do técnico alemão no Liverpool, com quem acertou em outubro de 2015, era alta. E, se já nos seus primeiros meses de trabalho Klopp levou os Reds às finais da Copa da Liga Inglesa e da Liga Europa, a perspectiva para a temporada 2016-2017 é das melhores possíveis.

De fato, o que o Liverpool de Klopp entrega até aqui é promissor. Com uma pré-temporada bem feita e, por consequência, atletas melhor adaptados às ideias do ex-técnico do Borussia, o resultado é uma equipe de muita intensidade, que sufoca o adversário na maior parte do tempo e cria espaços com bastante eficiência.

Nesse sábado, na vitória por 4 a 2 sobre o Crystal Palace, ficou mais uma vez evidenciado o modelo de jogo dos Reds. Apesar das falhas de Lovren, que resultaram em dois gols a um mandante adepto da bola longa, o Liverpool fez um primeiro tempo muito bom, especialmente enquanto conseguiu executar bem o "gegenpressing". E, novamente, o jogo da equipe de Klopp foi construído a partir da movimentação de Philippe Coutinho - que faz temporada extraordinária até aqui.

Partindo do 4-1-4-1 em fase defensiva, com a bola os exteriores - Coutinho e Mané - centralizam e abrem espaço para as ultrapassagens dos laterais Clyne e Moreno. As melhores situações ofensivas do Liverpool surgem desse movimento, como atesta o primeiro gol, em que Coutinho acionou Moreno, que cruzou para a chegada fulminante de Emre Can.

Os laterais, aliás, são peças fundamentais no jogo dos Reds. À medida que os "pontas" interiorizam, cabe a eles a tarefa de dar amplitude à equipe, gerando desconforto no adversário e permitindo que os jogadores que atuam por dentro tenham melhores condições de buscar o espaço entrelinhas. É, nada coincidentemente, semelhante ao que a seleção alemã faz. Trata-se de uma ótima ideia para quem deseja propor o jogo e abrir defesas fechadas e que atuam atrás da linha da bola.

Laterais dando amplitude e os "pontas", Lallana e Firmino buscando espaço entrelinhas
Imagem: Blog Painel Tático - globoesporte.com
Como acontece com toda equipe que trabalha com muita intensidade, o Liverpool corre riscos. O "gegenpressing", quando não é executado com tanta eficiência, deixa a defesa consideravelmente exposta. Ao mesmo tempo, a demanda física tão alta - o Liverpool é o time que mais corre na Premier League - faz com que os Reds não consigam manter o padrão os 90 minutos, exigindo uma dosagem que por vezes dá margem ao crescimento do adversário na partida.

Na medida em que a temporada é longa e considerando o citado no parágrafo anterior, fica difícil prever se o Liverpool conseguirá manter o rendimento que, além dos 11 jogos sem perder, o coloca com pontuação de líder no sempre disputado Campeonato Inglês. De qualquer modo, não há dúvida de que a equipe de Klopp possui um padrão de jogo que a coloca facilmente entre os principais times do futebol europeu.

Comentários

  1. O fator "Treinador/esquema de jogo" cada vez se torna mais importante no desempenho das equipes, em detrimento do "Individualidades", aliás um bom esquema de jogo é o que efetivamente oportuniza o bom desempenho das individualidades.

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