Barcelona 4 x 0 Manchester City - Marcação alta e o impacto de falhas individuais

Foto: Reprodução/Twitter Oficial do Barcelona
O início de trabalho no Manchester City tem proporcionado, já nos primeiros meses, duelos especiais para Pep Guardiola. Após o eletrizante confronto contra o velho conhecido José Mourinho, ontem foi a vez de Pep reencontrar o Barcelona, onde o técnico espanhol não só ganhou todos os títulos possíveis como contribuiu para mudar a forma de o futebol ser pensado. E, naquele que era um dos jogos mais aguardados da primeira metade da temporada 2016/2017, os acontecimentos provaram, mais uma vez, que em jogos de alto nível as falhas individuais fazem enorme diferença.

Os primeiros 17 minutos de partida proporcionaram uma verdadeira aula de marcação alta. Tanto Luis Enrique quanto Guardiola apostaram na pressão intensa na saída de bola adversária, gerando grandes dificuldades ao rival. Quem sofreu mais foi o Barcelona, que, mesmo jogando pelo chão e utilizando o auxílio do goleiro Ter Stegen, não conseguiu fazer a bola sair com qualidade da sua intermediária defensiva. Messi, Suárez e Neymar, apesar de estarem diante de encaixes individuais - um risco que Guardiola esteve disposto a correr para executar sua marcação intensa no campo rival - não participaram ativamente do jogo no primeiro terço da etapa inicial. O cenário se mostrava favorável ao City, não fosse um literal deslize que, contra equipes com a qualidade do Barça, é letal.

Marcação alta do City dificultando a saída de bola do Barcelona

Após jogada iniciada em roubada de bola de Mascherano - que atuou como lateral direito - e articulada por Messi e Iniesta, Fernandinho, bem posicionado, escorregou. Para azar dos Citizens, a esférica caiu nos pés de Lionel, cujo aproveitamento em frente ao gol é simplesmente absurdo. A falha individual custou caro à equipe de Guardiola, que sentiu o baque e foi amplamente dominada nos 15 minutos seguintes. Somente no final do 1° tempo o City voltou a ter incisividade, aproveitando-se também da lesão de um esgotado Piqué.

O advento da segunda etapa novamente apontava uma condição favorável para a equipe inglesa. Com as lesões de Piqué, substituído por Mathieu, e Alba - que já havia sido trocado na metade do 1º tempo por Digne -, o Barça apresentava uma linha defensiva desconfigurada. Entretanto, novamente uma falha individual prejudicou o City: Após entregar a bola nos pés de Suárez, Bravo não vislumbrou outra alternativa a não ser colocar a mão na bola, fora da área, de forma a evitar o 2º gol culé. A expulsão do goleiro chileno alterou completamente o cenário da partida. Forçado a jogar recuado, com duas linhas de quatro, o Manchester foi amplamente dominado pelos donos da casa. Erros de passe capitais de De Bruyne e Gundogan, jogadores que costumam esbanjar qualidade técnica, resultaram em mais dois gols de Messi. No final, após perder pênalti, Neymar sacramentou a goleada por 4 a 0.

Ater-se somente ao placar é uma falha muito corriqueira que precisa ser evitada para entender melhor o que acontece dentro das quatro linhas. O fato é que os erros individuais, especialmente de Fernandinho e Bravo, foram determinantes para o curso da partida, que possivelmente tomaria outro rumo em circunstâncias diferentes. É preciso ressaltar a eficácia da marcação alta do City e a dificuldade que o Barça teve para sair dela nos primeiros minutos do jogo, algo que Luis Henrique certamente trabalhará para evitar problemas contra equipes que marquem desta forma. Ao mesmo tempo, a qualidade do Barcelona no terço final do campo, com as infiltrações do trio "MSN" e o magnífico suporte de Rakitic e Iniesta, é um diferencial que exige do adversário uma atuação isenta de falhas - coisa que o City não teve.

Eximir Guardiola de culpa, entretanto, seria um erro, ainda mais considerando que os Citizens não vencem há quatro jogos. Ontem, por exemplo, foi contestável a opção do técnico espanhol em iniciar com Agüero no banco, utilizando De Bruyne como jogador mais agudo. Apesar de o belga ser um especialista em realizar o "facão", abdicá-lo de tê-lo mais recuado, auxiliando na retenção de bola e na fluidez da troca de passes, prejudicou tanto o jogo apoiado do City quanto o próprio desempenho do jogador, um dos melhores do futebol europeu nestes primeiros meses de temporada. Por último, é necessário frisar a incipiência do trabalho de Pep na Inglaterra, que se opõe à engrenagem já pronta da equipe Luis Enrique. Talvez em um estágio mais avançado da temporada - inclusive já no próximo duelo entre City e Barça, no próximo dia 1º - um City mais maduro e melhor adaptado às ideias de seu técnico possa fazer a história ser diferente.

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