Cada vez mais padronizado e consistente


Seleção Brasileira e altas expectativas sempre andarão lado a lado. Portanto, após as vitórias diante de Equador e Colômbia, Tite sabia que a euforia e a pressão por um bom jogo diante da Bolívia seriam inevitáveis. E foi justamente essa noção do treinador, sem se submeter à ela, a chave para que o Brasil não somente superasse os bolivianos com autoridade como apresentasse um futebol extremamente consistente e padronizado.

Se por um lado é importante constatar a fragilidade da Bolívia, cuja marcação individual gerou generosos espaços para uma equipe veloz como a brasileira, por outro é necessário lembrar dos eminentes desfalques que o Brasil teve para essa partida - Casemiro e Marcelo em especial. A excelente atuação canarinha serviu tanto para mostrar que Tite tem um grande leque de bons jogadores à disposição quanto para comprovar que a Seleção já está, mesmo em um estágio inicial de trabalho do treinador, com um padrão bem definido: os atletas que entraram na equipe se sentiram confortáveis, tendo atuações destacadas, e o modelo de jogo do ex-técnico do Corinthians esteve novamente bem perceptível.

Com o perde/pressiona ("gegenpressing") em plena execução e muito jogo apoiado, o Brasil teve facilidade para penetrar na defesa boliviana, o que também é resultado da desencaixada marcação individual do adversário. Entretanto, alternativas para encontrar espaços não faltaram na Seleção Brasileira.

Acrescentando às já tradicionais flutuações de Neymar e Coutinho, que saem das pontas em direção ao centro de modo a abrir espaços pelos lados, a movimentação dos "interiores" Renato Augusto e Giuliano merece destaque. O primeiro, capitão da Seleção diante dos bolivianos, tem executado com exuberância sua função na engrenagem de Tite. Por vezes recuando de forma a condicionar a saída de 3, Renato tem uma consciência tática que o torna, hoje, imprescindível no escrete canarinho. Já Giuliano, que substituiu o suspenso Paulinho, foi um grata surpresa, participando ativamente do jogo e dando uma dinâmica muito interessante pelo lado direito, onde se acostumou a atuar no Grêmio.

Desde a segura dupla de zaga Miranda e Marquinhos até o inteligente e extremamente agudo Gabriel Jesus, o padrão de jogo que Tite já inseriu na equipe permite a potencialização da absurda qualidade técnica dos jogadores brasileiros. Mais do que as 3 vitórias, esse é o maior trunfo do treinador no comando da Seleção: mesmo que o adversário tenha mais qualidade e seja melhor estruturado do que a frágil Bolívia, o fato de os atletas saberem exatamente o que devem fazer em campo dá, novamente, a perspectiva de que o Brasil pode encarar de frente qualquer seleção do mundo.

Comentários

  1. Muito bons os comentários, nos dão uma visão precisa da explicação sobre as belas atuações da era Tite.

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