As dificuldades do Borussia Dortmund de Thomas Tuchel

Foto: Facebook Borussia Dortmund
Ao mesmo tempo em que busca inovações para tornar sua equipe mais agressiva e controladora, Thomas Tuchel tem encontrado muitas dificuldades na condução do Borussia Dortmund. Apesar do 1º lugar do grupo na Champions League, desbancando o poderoso Real Madrid, os aurinegros ainda não acertaram o passo na Bundesliga. Nessa terça, com o empate em casa contra o Augsburg, a equipe chegou a três jogos sem vitória no Campeonato Alemão, o que contribuiu para aumentar ainda mais a distância do BVB para os líderes Bayern e Leipzig.

As razões para a instabilidade Borussen são várias, a começar pela perda de Mats Hummels e Ilkay Gündogan na janela de transferências do meio do ano. Remanescentes do vice-campeonato europeu de 2012/2013, o zagueiro e o meio-campista eram figuras centrais do Borussia. Suas reposições, na teoria Marc Bartra e Sebastian Rode, não têm entregado o mesmo que seus antecessores, dificultando o trabalho do Dortmund em todas as fases do jogo.

Tuchel já citou sua preferência pela presença de Julian Weigl como centromédio único, mas a decisão parece, por vezes, sobrecarregar o jovem alemão, que, embora sinta-se confortável jogando dessa forma, constantemente sofre com uma marcação intensa na iniciação das jogadas, como aconteceu no jogo contra o Real, no Santiago Bernabéu. Nesse sentido, a presença de um segundo meio-campista construtor, como o lesionado Nuri Sahin ou Gonzalo Castro, pode se mostrar eficiente.

Ultimamente, quem tem se aproximado mais dessa função é Mario Götze, que começa a recuperar sua melhor forma após uma temporada fraca no Bayern. Ainda que seja uma função relativamente inédita para o camisa 10, é inegável sua capacidade de quebrar linhas com passes precisos e verticais. Seu desenvolvimento no ofício depende prioritariamente da ocupação de espaços em fase defensiva e da automatização do movimento de aproximação a Weigl e da consequente busca por um companheiro entrelinhas.

Afora isso, ofensivamente o Borussia é uma equipe que cria bastante: no 1 a 1 contra o Augsburg, foram 23 finalizações. Muito disso tem origem no jovem extremo francês Ousmane Dembélé, cujos dribles na faixa central do gramado criam espaço para as infiltrações dos companheiros. Se Aubameyang é o grande definidor da equipe (são 16 tentos na Bundesliga), o ex-jogador do Rennes criou 17 gols para o BVB na atual temporada, sendo 5 de sua própria autoria e 12 por meio de assistências.

Dessa forma, o principal problema Borussen encontra-se na instabilidade defensiva. Embora atue no 5-4-1 sem a bola, os aurinegros tem sofrido muito na recomposição pós-perda. Com o gegenpressing sendo pouco efetivo e os três zagueiros estando distantes uns dos outros por buscarem dar amplitude em fase ofensiva, os contra-ataques rivais tem sido mortais. Soma-se isso a ausência por lesão de Bürki, Sokratis e Subotic, que aumenta a responsabilidade de Windenfeller e Bartra, os quais vivem momento técnico muito ruim.

Enquanto Tuchel tem tido dificuldades para solucionar esses problemas defensivos, o Borussia tem perdido muitos pontos em uma Bundesliga cujas equipes são cada vez mais organizadas, defendendo-se com última linha de cinco e muita compactação, além de contra-ataques letais. Esse contexto, além da natural questão da classificação, é negativo também porque impede Tuchel de dar passos adiantes em direção a suas ofensivas e inovadoras ideias.

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