Avalanche parisiense
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Foto: Site PSG |
A exemplo do Manchester City de Pep Guardiola, responsável pela outra derrota do Barça na atual edição da Champions, o PSG de Emery iniciou a partida marcando em bloco alto. A dificuldade catalã para sair da marcação pressão é notável, e nessa terça não foi diferente. Com Busquets encaixotado e Ter Stegen tendo poucas opções de passe, a bola pouco saiu da metade defensiva do Barça nos primeiros minutos do confronto. O intenso e agressivo PSG retomava a redonda com facilidade e se projetava em transições muito rápidas. As chances não tardaram a aparecer, e não foi surpresa culminarem no gol de falta de Di Maria, aos 18 minutos.
O tento fez os parisienses alterarem sua proposta defensiva, até pela intensidade absurda dos minutos iniciais, praticamente impossível de ser mantida durante todo jogo. A composição em bloco médio/baixo apresentou uma outra faceta determinante: Edison Cavani, que assumiu o protagonismo da equipe após a saída de Zlatan Ibrahimovic, recompunha com inteligência e aplicação, sempre cercando Busquets e impedindo que o catalão recebesse a bola em condições de levar o Barça à frente. Isso complicou muito o jogo de posição Culé, que tinha Iniesta e o trio MSN sitiados por linhas de marcação extremamente compactadas. A única grande chance dos comandados de Luis Enrique surgiu em arrancada de Neymar, o mais lúcido da equipe catalã na partida. O brasileiro tabelou com Suárez, arrancou em diagonal, da esquerda para o centro, e deixou André Gomes na cara do gol, mas o português bateu em cima de Trapp.
Se os problemas ofensivos do Barcelona já eram relevantes, eles nem se comparavam aos defensivos. A segunda linha de marcação era facilmente superada pelos dominantes Veratti e Rabiot, e o lado direito de defesa, com Sergio Roberto e André Gomes, sofria demais com a presença de Draxler e as ultrapassagens de Kurzawa. O gol do alemão, após recuperação de Rabiot e estupenda condução e assistência de Verratti, foi mais uma vez natural diante do cenário que o confronto apresentava. Ao final dos 45 minutos iniciais, a sensação era de que há muito tempo não se via uma partida entre equipes de alto nível com tamanho desnivelamento técnico, tático, físico e psicológico.
E o panorama pouco se modificou na segunda etapa. Veio o terceiro gol, novamente de Di Maria, emblemático pela forma como foi construída. Diante da mesma marcação alta no tiro de meta que complicou o Barça, os parisienses conseguiram sair bem pelo chão. A bola partiu de Trapp e passou por Rabiot, Draxler, Matuidi e Kurzawa até chegar em Di Maria, que se desvencilhou de Alba e Iniesta com extrema facilidade e mandou colocado, no ângulo de Ter Stegen - um golaço.
Nervoso e atônito, o Barça errava muito e não encontrava soluções ofensivas. Messi e Suárez sequer finalizaram na partida, sempre vigiados bem por um sistema defensivo que teve o jovem Kimpembe, substituto de Thiago Silva, como grande destaque. Neymar foi quem mais buscou jogadas verticais, especialmente em iniciativas pessoais, não sendo acompanhado pelos apáticos companheiros. Os problemas coletivos dos catalães, recorrentes na temporada e por vezes ofuscados pela fragilidade de algumas equipes do futebol espanhol, aqui ficaram muito evidentes. A equipe que até pouco tempo era símbolo do jogo coletivo hoje depende quase que exclusivamente do brilho individual do MSN. Fica difícil, no atual momento, desonerar Luis Enrique de culpa, uma vez que pouco de efetivo tem sido feito para solucionar os problemas da equipe.
Pela maneira como se desenrolou, a partida dessa terça - que praticamente garante o PSG nas quartas-de-final - pode chegar ao ponto de assumir um caráter de ruptura, tanto para parisienses quanto para catalães. Enquanto os comandados de Unai Emery se credenciam com autoridade para chegar ao topo do Velho Continente, o Barcelona deverá repensar seu futuro após não alcançar a semi-final da Champions por duas temporadas consecutivas.
Um esperado "grande jogo" mostrou domínio total do PSG sobre um Barcelona apático, que precisa rever seu jogo e personagens.
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