Com o brilho de Mané e a tradicional intensidade

Foto: Facebook Liverpool FC
Manter o nível de atuação durante toda temporada talvez seja a tarefa mais difícil para uma equipe de futebol. Na Premier League, onde as partidas possuem alta demanda física e por vezes assumem um caráter caótico, essa premissa se reforça. Nesse sentido, todas as equipes do Campeonato Inglês têm sofrido com quedas de desempenho e, recentemente, sem dúvida a mais notável foi a do Liverpool, de Jürgen Klopp, que em poucas semanas foi eliminado dos dois torneios eliminatórios da terra da Rainha e viu a esperança de título na Premier League se esvaecer.

Foi diante desse contexto desfavorável, portanto, que os Reds receberam o vice-líder Tottenham, nesse sábado, em Anfield. E, para superar o rival londrino e se recolocar na briga pela 2ª colocação do Campeonato Inglês, o Liverpool contou com dois elementos desequilibrantes, que estiveram ausentes em boa parte da sequência negativa de janeiro: Sadio Mané e intensidade.

Convocado pela seleção de Senegal para a Copa Africana de Nações, Mané não esteve presente nas eliminações dos Reds na semi-final da Copa da Liga e nas oitavas da FA Cup, para Southampton e Wolverhampton, respectivamente, além de quatro jogos da Premier League, nos quais os comandados de Klopp não conquistaram vitória. É impossível prever se a presença de Mané poderia mudar efetivamente o curso dessas partidas, mas é inegável que sua contribuição costuma ser muito superior àquelas que Daniel Sturridge e Divock Origi entregaram durante esse período.

O senegalês possui características únicas no elenco do Liverpool, e fundamentais para o modelo de jogo de Klopp. Extremo de muita velocidade, Sadio oferece a jogada de fundo, além de diagonais precisas para ocupar o espaço deixado por Coutinho ou Firmino, seus companheiros de ataque. Contra o Tottenham, os dois gols da vitória foram tanto concluídos quanto construídos por Mané: no primeiro, seu movimento em diagonal, da direita para o centro, permitiu que Wijnaldum acertasse um estupendo passe em profundidade, após roubada de Coutinho; no segundo, Mané iniciou a jogada - roubando a bola de Dier no campo adversário - e a concluiu, após as finalizações de Lallana e Firmino terem sido defendidas por Lloris.

Outro elemento decisivo no confronto com o Spurs foi a intensidade dos Reds, marca registrada das equipes de Jürgen Klopp. Se a Premier League já tem o ritmo frenético como característica, o Liverpool a acentua, com transições vigorosas e pressão feroz para roubar a bola. Diferentemente do Chelsea, de Conte, e do Manchester City, de Guardiola, que procuram maneiras de conter o caos marcante do futebol inglês, o Liverpool de Klopp sente-se à vontade para ser um agente dele.

É claro que tamanha intensidade cobra um preço alto, e nem sempre os Reds conseguem mantê-la durante a maior parte das partidas, como aconteceu contra o Tottenham - talvez isso também ajude a explicar a queda de rendimento do Liverpool no último mês. Entretanto, quando agride com a intensidade adequada, os comandados de Klopp oferecem muitos problemas aos adversários, especialmente aqueles que não tem por característica jogar com bola longa. As roubadas de bola no setor ofensivo - seja por meio do gegenpressing ou de marcação inicial em bloco alto, permitem aos Reds uma transição ofensiva letal, responsável por grande parte dos gols da equipe na atual temporada.

A vítima de sábado, o Tottenham, viveu noite semelhante àquela em que conseguiu um improvável empate contra o City, na estreia de Gabriel Jesus: imensa dificuldade de criação e pouca participação do trio Eriksen, Alli e Kane. Novamente, a escassa produção ofensiva da equipe de Mauricio Pochettino esteve restrita às arrancadas de Dembélé e à incessante movimentação de Son, o mais lúcido do ataque londrino. Em termos defensivos, é preciso ressaltar a ausência de Vertonghen e Rose, sentida principalmente pelas más atuações de Dier e Davies, seus substitutos. Se Pochettino foi bastante elogiado pela postura de sua equipe nos confrontos contra o Chelsea, agora ele precisará encontrar soluções para que os Spurs se mantenham fortes nas três competições que lhes restam disputar: Premier League, FA Cup e Euro League.






Comentários

  1. A velocidade e agilidade de Mané pareciam superiores à todos os adversários, sempre os colocando em risco quando de posse da bola.

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