Uma síntese de 90 minutos
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| Foto: Matthias Hangst/Getty Images |
Os 90
minutos da vitória contra a Juventus, que renderam ao Real Madrid o 12º título
da Champions League, de certa forma sintetizaram o que foi a temporada da
equipe de Zinedine Zidane. Os merengues enfrentaram momentos difíceis, mas
mantiveram sempre uma força mental capaz de superar os mais desfavoráveis
cenários.
Na
temporada em que Cristiano Ronaldo, estrela máxima da companhia, atingiu o
apogeu de sua transição do ponta que encantava com seus dribles e jogadas de
efeito para o atacante mais letal do futebol mundial, era natural que o Real
readequasse sua maneira de jogar. Somada aos vários problemas de lesão da
primeira metade da temporada, em diversas partidas a equipe merengue foi pouco
brilhante, vencendo, mesmo assim, pela capacidade de decisão dos seus
jogadores.
Em
determinada medida, o 1º tempo contra a Juventus foi assim. Tendo pouco
controle da posse de bola – o que acontece quando o adversário consegue limitar
as ações principalmente de Kroos e Modric –, o Real teve dificuldades. A Juve
dominava as ações e havia criado três boas oportunidades de gol quando os
merengues se aproveitaram da primeira recomposição mal feita dos italianos,
contando com a condução de Kroos, a ultrapassagem de Carvajal e a letalidade de
Cristiano Ronaldo para abrir o placar.
Mesmo o
gol não alterou o quadro da partida, em que as diagonais da Velha Senhora
incomodavam um Real que, no 4-3-1-2 de Zidane, apresenta problemas de marcação
nas laterais do campo. Foi assim que os italianos empataram a partida, em uma
jogada extraordinária que inicia com lançamento primoroso de Bonucci,
encontrando Alex Sandro – livre pelos problemas de recomposição pelos lados do
Real – antes de chegar a Higuain e, finalmente, ser concluída na meia bicicleta
de Mandzukic.
É claro
que a formação do Real, utilizada desde as quartas de final, contra o Bayern,
tem um propósito: enquadrar Isco, um dos destaques da temporada, que assumiu a
vaga aberta pela lesão de Bale. Se problemas defensivos – que, aliás, foram
solucionados no segundo tempo contra a Juve com o deslocamento de Isco para a
esquerda – decorreram da presença do espanhol, ofensivamente os merengues
cresceram muito, porque o camisa 23 se junta a Kroos e Modric para triangular
por dentro e ditar o ritmo de jogo madrilenho com muita qualidade. Os três
tiveram dificuldades com as duas linhas bem compactas da Juventus na primeira
etapa, mas cresceram a partir da perda de intensidade da marcação italiana.
Além de
Isco, a temporada merengue contou com a ascensão e a afirmação de vários
jogadores. Casemiro, de impressionante desempenho em 2015/2016, reafirmou sua
importância tática, agora contribuindo também com alguns gols e assistências. O
chutaço que desempatou o confronto contra Juve reitera a presença do volante
entre os grandes do futebol mundial. Há ainda o muito elogiado banco do Real,
que em comparação ao do Barcelona, por exemplo, foi bem mais decisivo. Morata,
Vásquez e Asensio entraram em algumas ciladas e resolveram a parada para a
equipe de Zidane. O último, inclusive, coroou sua primeira temporada em Madrid
com o derradeiro gol da final de Cardiff.
Acima de
tudo é preciso ressaltar a resiliência do Real Madrid. É o grande mérito da
equipe de Zidane, que conquistou muitos pontos nos finais das partidas, em
cenários adversos e com fraco desempenho. O primeiro tempo foi de superioridade
da Juventus, mas isso não abalou de forma alguma os madrilenhos, que inverteram
a lógica e fizeram um segundo tempo praticamente impecável.
Trata-se,
afinal, de uma equipe confiante. Sergio Ramos e Cristiano Ronaldo, símbolos do
elenco, esbanjam isso. Não poderia ser de outra forma em um clube que tem
aspirações enormes e, por consequência, exerce nos atletas uma pressão
igualmente grande. O desejo de ganhar está no DNA merengue, e isso explica
muito o porquê dos agora 12 títulos de Champions League.

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