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Mostrando postagens de agosto, 2016

Guardiola, um revolucionário

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Em qualquer área da vida, sempre existem referências que precisamos conhecer ao menos superficialmente para entender determinado tema. É assim com Einstein na física quântica, Jobs e Gates na computação e Da Vinci nas artes. É assim com Guardiola no futebol moderno. Pode até soar exagerado, mas Pep é, de fato, um revolucionário. Em um futebol cada vez mais físico e de pouco espaço, ele teve a audácia de inovar, baseado em conceitos que, naturalmente, têm influências, mas que são, em grande parte, de sua autoria. Não bastasse o sucesso nos clubes em que passou - Barcelona, Bayern e agora Manchester City - a influência de Guardiola foi sentida no futebol mundial como um todo, tendo suas ideias repercutido no desfecho das Copas de 2010 e 2014 - afinal, a Espanha de Del Bosque e a Alemanha de Löw tiveram muito dos conceitos que Pep trabalhou exaustivamente no Barcelona e no Bayern. Mas o que Guardiola faz que o diferencia tanto dos demais treinadores? É fato que ele tem uma capac...

Um ouro de várias facetas

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Quando Neymar deslocou o goleiro Horn, sacramentando a conquista da inédita medalha de ouro olímpica, o Brasil vibrou em êxtase. Quis o destino que a grande estrela dessa geração tão criticada definisse a acirrada disputa de pênaltis da final contra a Alemanha, que também teve Weverton como grande personagem. Mas reduzir os méritos a apenas essas duas figuras seria tão absurdo quanto tentar diminuir o tamanho da conquista brasileira, alegando que o ouro "não era mais do que obrigação". O futebol passou por grandes transformações nos últimos anos. Agora os espaços são escassos, e muitas vezes a qualidade técnica não consegue se sobressair justamente por causa disso. Qualquer equipe que jogue bem organizada, com linhas próximas, consegue dificultar o trabalho do adversário, não importando o quão superior tecnicamente este seja. Foi o que aconteceu nos empates do Brasil contra África do Sul e Iraque, que resultaram em críticas vorazes - e em grande parte infundadas - à sel...

Brasil 4 x 0 Dinamarca - Confiança, profundidade e aplicação

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Crédito: Reuters Após os decepcionantes empates diante de África do Sul e Iraque, a Seleção Olímpica tinha a obrigação de vencer a Dinamarca, nessa quarta, em Salvador, para seguir sonhando com a medalha de ouro. Como se não bastasse a vitória, os comandados de Rogério Micale fizeram mais. Em grande exibição individual e coletiva, golearam os dinamarqueses - até então invictos no ano - por inapeláveis 4 a 0 e apresentaram um futebol de intensidade que há muito não se via na Seleção Brasileira. Contudo, considerando que até a partida de ontem esta mesma seleção era alvo de críticas vorazes de grande parte da população e da imprensa, a questão que fica é: que motivos levaram o escrete canarinho a transformar seu desempenho da água para o vinho em tão pouco tempo? A resposta da maioria dos brasileiros à essa questão provavelmente seria que ontem o Brasil jogou com vontade, o Neymar não foi fominha, etc. Mas será que foi só isso? Em um país que tem a tradição de simplificar todas as ...

"Gol da Alemanha", por Axel Torres e André Schön

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Sob recomendação do Leonardo Miranda, excelente analista tático do Globo Esporte (http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/painel-tatico/1.html), terminei de ler recentemente o livro que, no Brasil, ganhou o emblemático título de "Gol da Alemanha". Lançado pela editora Grande Área, a obra foi escrita pelo jornalista espanhol Axel Torres em parceria com seu professor de alemão, André Schön. A partir de suas aulas em um café de Barcelona, os dois passaram, durante um ano e meio, a dissecar o processo evolutivo pelo qual o futebol alemão passou a partir de 2006, traçando um paralelo com o jogo pragmático desenvolvido por Franz Beckenbauer, Gerd Müller e companhia nos anos 70. É muito interessante observar como todo o processo está interligado e como vários treinadores, de Jürgen Klinsmann a Pep Guardiola, ajudaram a construir a seleção que assombrou o mundo naquela semi-final do Mineirão em 2014 e conquistou o tetracampeonato mundial no Brasil. Klinsmann, grande ...

Brasil renovado, ofensivo e moderno de Micale sucumbe ao nervosismo na estreia nas Olimpíadas

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Cercada de grande expectativa – seja por jogar em casa e buscar o inédito ouro olímpico, seja por apresentar em campo uma geração muito promissora – a seleção brasileira iniciou sua caminhada nos Jogos Olímpicos sendo a seleção brasileira dos últimos anos: decepcionante. Mas, desta vez, muito mais pela questão comportamental dos atletas do que por questões táticas e de modelo de jogo. Nervoso, o Brasil não conseguiu executar bem as ideias que, percebe-se, o técnico Rogério Micale tenta inserir na equipe. Pior do que isso, a fraca atuação de algumas referências técnicas da equipe – em especial Neymar, novamente de individualidade exacerbada – mostra que o treinador brasileiro terá muito trabalho pela frente para conquistar a medalha de ouro que, diga-se de passagem, parecia ser um sonho mais tranquilo de ser realizado até a partida de ontem. Diante de uma África do Sul bem postada, com duas linhas de quatro e relativa boa qualidade técnica, o Brasil iniciou a partida já mostrando...